Entenda melhor o que é um Espaço Maker e o que está por trás desse ambiente incrível de aprendizagem!
De acordo com a teoria de Piaget o homem possui características biológicas (inatas) para se desenvolver mentalmente, no entanto, sozinha essa porção não leva ao seu desenvolvimento, para isso é preciso que haja interação do sujeito e o objeto a ser conhecido. Da mesma forma apenas a interação com o objeto a conhecer não garante o desenvolvimento do raciocínio e da lógica.
Isso pode ser claro para professores que possuem experiência em salas de aula, os alunos conseguem ir fundo quando experimentam o conteúdo na prática e depois refletem sobre o aprendizado. Recentemente esse tem sido o enfoque de diversas instituições de ensino, e é também um dos pilares na prática educacional da Escola de Inventor.
Dentro desse anseio por um ensino significativo houve um aumento pela busca e construção de Espaços Makers. Esse tipo de espaço é sim uma solução para diversos problemas do ensino tradicional (confira as 5 Soluções que um espaço maker traz para as suas aulas), mas dentre tantas tendências educacionais que vão e vem como saber se o espaço maker não é só mais uma?
Esse post analisará os potenciais de um espaço maker na educação de acordo com a teoria de alguns dos grandes pensadores na área da educação, com o objetivo de trazer dicas com respaldo pedagógico e fundamentadas para que seu espaço maker não fique fechado e seus alunos possam ir além no processo de aprendizagem.
- A impressora 3D não será o sucesso de seu Espaço Maker
Ter equipamentos tecnológicos pode ser o sonho de qualquer escola, mas aqui fica nossa primeira dica – o caminho para o conhecimento significativo é um processo complexo de exploração e reflexão e a tecnologia por si só não atende a esses requisitos.
Traremos Seymour Papert para refletir sobre essa dica. Esse homem talvez seja um dos primeiros a entender o potencial dos computadores na educação, e ele trabalhou com Piaget. De suas produções a Teoria do Construcionismo talvez seja a mais conhecida e, é ela que fundamentará nossa dica sobre espaço maker.
Para entender melhor a teoria vamos levar em conta o Construtivismo de Piaget onde o aprendizado é mais uma reconstrução do que a transmissão de conhecimento, agora combine isso com a prática de manipular materiais em atividades onde quem aprende irá experimentar construir um produto significativo e de interesse. É indispensável para Papert que aquele que está à aprender envolva-se na proposta a ser explorada, tendo consigo um significado legítimo embebido em seu contexto. Dessa forma a teoria de Papert leva o construtivismo um passo além em direção a uma aprendizagem envolvendo ações.
Uma impressora 3D não garante essa vivência aos seus operadores, é preciso fornecer mais do que um espaço físico, um espaço de reflexão e ressignificação, uma casa para as investigações e criações dos alunos. O que manterá um Espaço Maker ativo será a abertura de um ambiente de discussões e levantamento de problemas legítimos. O ambiente deve envolver os grupos na elaboração e teste de hipóteses para a resolução desses desafios. Portanto, mais do que proporcionar um aprendizado “hands-on” o espaço exigirá “heads-in”.
No Construcionismo de Paperts a experiência tátil e motora não é tudo, ela é resultado dos impulsos daquele que está a aprender, explorando seus questionamentos mais profundos: “Como será que faço um avião fazer curvas?” ou “Como uma torre tão alta se mantém forte mesmo com os ventos?”. Papert reflete mais do que o “fazer”, ele empodera o aluno na aprendizagem, combinando o criar ao significar.
- Espaço Maker não é uma Gaiola de Faraday
É comum que instituições de ensino tendam a escolher apenas uma parte da complexa implementação de uma ideias na área da educação. Talvez seja o fator da falta de interesse pela real proposta ou até mesmo a ausência competência na gestão do projeto. Construir um Espaço Maker sem proporcionar um ambiente de aprendizado para seus alunos é um exemplo.
A cultura de se construir e fazer coisas é uma tradição das remotas eras da humanidade. Mas foi com o advento das navegações e depois da internet que grupos compartilharam suas soluções com outros ao redor do mundo. Trabalhar questões do contexto atual e compartilhar com a comunidade tem sido os fundamentos da revolução educacional da cultura maker.
Ao construir o Espaço Maker a instituição precisa entender o potencial transformador de mundo desse ambiente, trazendo os problemas reais de sua comunidade para a mesa de criação. Sem conexão com a realidade o espaço se torna uma Gaiola de Faraday, com projetos isolados do que realmente tem acontecido ao seu redor. Como evitar isso?
Deixe seu Espaço Maker conviver lado a lado com a realidade de seus alunos e sua comunidade, deixe-os trazer as mais válidas investigações científicas possam ter, alimente o inventor dentro de cada um! Combine Espaço Maker com as discussões acerca dos problemas do cotidiano de seus grupos de alunos, reúna ideias e auxilie no desenvolvimento dos projetos e, o mais importante, faça isso sair das escolas e alcançar a comunidade.
Quando os que aprendem desenvolvem o senso de que eles são bons solucionadores de problemas que podem transformar o mundo, famílias e comunidades eles vão estar ao lado de Piaget, Papert, Paulo Freire e de outras grandes referências da educação. Frases como “eu vou criar algo novo e melhor para resolver esse problema” ou “vamos para o Espaço Maker tentar entender como isso funciona e arrumar” vão se tornar comuns.