5 dicas para utilizar o ensino por investigação

5 dicas para utilizar o ensino por investigação

O Ensino por Investigação tem aparecido bastante nos textos sobre educação atualmente, mas não é tão novo quanto se imagina, entenda melhor o que ele é.

O ensino por investigação tem sido utilizado no ensino de ciências e uma das grandes referências é a Professora Dra. Lúcia Helena Sasseron que possui diversos artigos sobre o assunto. Nesse post vamos resumir algumas dicas que a Professora traz no capítulo “Fundamentos Teórico-Metodológico para o Ensino de Ciências: a Sala de Aula, Módulo 7, Curso de Licenciatura em Ciências da USP/UNIVESP” e também alguns conhecimentos de nossa experiência no assunto:

  1. Faça perguntas investigativas
Ensino por Investigação

Vamos explorar o Ensino por Investigação com Piaget que em sua teoria traz a ideia de que o aprendizado se dá por um processo de desequilibração seguido da equilibração. Portanto, o indivíduo é apresentado a uma situação ou um objeto novo o qual não encontra bases pré-estabelecidas para sua compreensão, portanto esse desequilíbrio agora desencadeará um processo de investigação do objeto em busca de estabelecer o equilíbrio novamente.

Muitos professores entendem que as perguntas são uma das formas de se acessar o desequilíbrio e, de fato são, mas nem sempre as perguntas são investigativas. Muitas delas se tornam perguntas relacionadas ao processo de comunicação e não necessariamente exigem busca de explicação ou investigação.

Nossa dica: Faça à sala perguntas que trabalham o “Como?” e o “Por quê?”, pois elas são as mais propensas à gerar um ambiente que favoreça o Ensino por Investigação, oportunizando a elaboração, teste de hipóteses e argumentação.

  • Problemas são diferentes de exercícios
Ensino por investigação

Solucionar problemas é bem comum para o contexto do ensino de ciências, no entanto quão eficientes esses problemas são? A autora discute o termo problema referenciando Gil-Perez e colaboradores (1992) que discutem que na maioria das vezes em que se propõe um problema na verdade os estudantes não tem liberdade para repensar e questionar os dados e resultados obtidos, no entanto, esses problemas demandam o uso de algoritmos para sua execução. Portanto, eles passam a ser um exercício em sua essência, segundo a autora. Contudo, Sasseron indica que um problema propõe um elemento de investigação, abrindo espaço para o surgimento e desenvolvimento de conceitos, assim como considerado pelas ideias de Vygotsky.

Nossa dica: Na criação dos problemas para a sala repense se eles permitirão o surgimento de um cenário de investigação, que leve em consideração o contexto dos estudantes e seus conhecimentos já adquiridos. Um verdadeiro problema possibilita formas diferentes de se resolvê-lo, elaborando e testando hipóteses que auxiliem a construção de explicações e previsões.

  • Espaço para os alunos
Ensino por Investigação

Comumente as abordagens pedagógicas são de falas quase que ininterruptas dos professores, compreendendo-se estes como aqueles que oferecem a informação aos seus alunos, os quais são responsáveis por absorvê-la e reproduzí-la nas avaliações. A abordagem pedagógica do ensino por investigação demanda um professor inovador segundo Sasseron. Isso porque o ambiente de sala segundo essa abordagem, ganha discussões e participação ativa dos alunos. A autora cita que a investigação ocorre quando informações, posicionamentos e interpretações conflitantes estão em cena. Portanto o professor poderá utilizar as mais diversas estratégias de ensino para favorecer um ambiente de investigação em suas aulas.

Nossa dica: Algumas das estratégias mais interessantes para a geração desse cenário de investigação podem ser: dramatização, entrevistas, mesa redonda, debates, mapa conceitual, tempestade cerebral (Brainstorming), estudo de caso, apresentação de painéis e simpósio.

  • Contextualize
Ensino por investigação

É difícil manter todos os alunos engajados o tempo todo, e não são todos os temas de uma área que estimularão a classe. Contudo, segundo a autora, trabalhar a contextualização dos temas auxilia na motivação dos estudantes. Mesmo que o início da investigação não seja motivadora o processo em si envolve seus participantes na busca por soluções e formas de resolver problemas e prover explicações com base na observação e discussão de dados.

Nossa dica: Para manter-se sempre atualizado você pode ir além dos jornais, existem diversos Podcasts sobre notícias com ótimos conteúdos acerca do que está acontecendo no mundo e no Brasil. Por exemplo: Loop Matinal (sobre tecnologia), FIAP Café (sobre tecnologia), Escriba Café (sobre história e curiosidades), Deviante (sobre Ciências, Cultura e Diversão), Nerdcast (sobre informação e entretenimento), CBN (sobre política, cultura, economia, finanças…) e Café da Manhã (sobre notícias).

  • Combine a manipulação com a reflexão
Ensino por investigação

Possibilitar atividades em que os estudantes explorem os conceitos montando e investigando de forma tátil e motora tem um papel fundamental no aprendizado, mas Piaget em sua teoria analisa que apenas a interação do objeto com o sujeito que o está explorando não é suficiente para o desenvolvimento e aprendizagem humana. É necessário fornecer um ambiente de reflexão sobre o objeto em estudo. Sasseron apresenta que “a passagem da ação manipulativa para a ação intelectual na resolução de problemas é importante para a compreensão de fenômenos, considerando aspectos que não podem ser vistos e manipulados em uma dada situação, e colabora para a construção abstrata de pensamento.”

Nossa dica: traga reflexão às suas aulas práticas, tomando o cuidado delas não serem apenas a repetição de uma aula teórica. Atividades manipulativas devem desencadear perguntas e reflexões que levantarão hipóteses a serem observadas e analisadas pelos estudantes durante a aula, desta forma gerando explicações a partir desse processo.

Referências Bibliográficas

Gil-Perez, d. e colaboradores. Questionando a didática da resolução de problemas. Caderno Catarinense de Ensino de Física. v.9, n.1, p. 7-19, 1992.

Sasseron, L. H. O Ensino por Investigação: Pressupostos e Práticas. Licenciatura em Ciências, USP/UNIVESP, Módulo 7, p. 116-124.

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